A Paralisia Cerebral (PC) consiste num conjunto de alterações cerebrais permanentes, de carácter não progressivo, devido a uma lesão, danificação ou disfunção do Sistema Nervoso Central (SNC), a qual pode ocorrer antes, durante ou após o nascimento.
Afeta cerca de 1 ou 2 crianças em cada 1000, sendo mais comum em recém-nascidos prematuros (Leite & Prado, 2004).
A PC acomete o indivíduo de diferentes formas, dependendo da área do sistema nervoso afetada. O seu portador apresenta alterações neuromusculares, com variações de tónus muscular, persistência de reações primárias, fracasso do desenvolvimento das estratégias protetoras, espasticidade, entre outros. É ainda caracterizada por distúrbios da motricidade, nomeadamente alterações do movimento, da postura, do equilíbrio, da coordenação, com presença variável de movimentos involuntários. O comprometimento motor é, sem dúvida, a principal característica de uma criança com PC, afetando o seu desempenho funcional. Consequentemente, pode interferir de forma importante na interação da criança em contextos relevantes, influenciando a aquisição e o desempenho não só de marcos motores básicos (como rolar, sentar, gatinhar, andar), mas também de atividades da rotina diária (como tomar banho, alimentar-se, vestir-se, caminhar em ambientes variados, entre outras).
Esta patologia tem ainda outras componentes associadas, como défices sensoriais, alterações da fala e linguagem, alteração do comportamento, epilepsia e, secundariamente, problemas músculo-esqueléticos.
Há várias causas possíveis para a PC, sendo que qualquer condição que leve a uma anormalidade do cérebro pode ser responsável. As causas mais comuns são: desenvolvimento congénito anormal do cérebro, particularmente do cerebelo; deficiência na circulação cerebral; anóxia (ausência de oxigenação) cerebral perinatal (especialmente quando associada a prematuridade); lesão traumática do cérebro, no nascimento, geralmente decorrente do trabalho de parto prolongado, ou uso de fórceps; infeções cerebrais (encefalite) na fase inicial do período pós-natal (Leite & Prado, 2004).
É possível realizar um diagnóstico precoce baseado na história médica, exames neurológicos e escalas neuromotoras. Já que a Paralisia Cerebral está geralmente associada a um amplo espectro de distúrbios do desenvolvimento, uma abordagem multidisciplinar é benéfica na avaliação e tratamento dessas crianças.
A fisioterapia tem como objetivo a facilitação dos padrões de movimento normais, de modo a normalizar o tónus muscular. Com isso haverá uma melhoria da força, da flexibilidade, da amplitude de movimento, dos padrões de movimento e, em geral, das capacidades motoras básicas para a mobilidade funcional. As metas de um programa de reabilitação são reduzir a incapacidade e otimizar a função (Novak et al., 2013).
A fisioterapia na criança deve consistir no treino específico de atividades do quotidiano, como levantar-se, dar passos ou caminhar, sentar-se, pegar e manusear objetos, além de exercícios destinados a aumentar a força muscular e melhorar o controle sobre os movimentos (Novak et al., 2013).
Em resumo, a fisioterapia prepara a criança para uma função, mantém as já existentes ou aperfeiçoa-as. Toda a intervenção é realizada a fim de melhorar a qualidade de vida da criança e dos cuidadores.
Se tiver interesse em saber mais sobre o assunto, a nossa fisioterapeuta pode ajudá-lo(a). Não hesite em contactar-nos através do número 926 762 900, por mensagem privada ou e-mail [email protected].
Fonte:
- Leite, J. & Prado, G. (2004). Paralisia Cerebral - Aspectos Fisioterapêuticos e Clínicos. Neurociências, 41-45. Disponível em: https://doi.org/10.4181/RNC.2004.12.41
- Novak, I., Mcintyre, S., Morgan, C., Campbell, L., Dark, L., Morton, N., Stumbles, E., Wilson, S., Goldsmith, S. (2013). A systematic review of interventions for children with cerebral palsy: state of the evidence. Developmental Medicine & Child Neurology, 885-910. Disponível em: https://doi.org/10.1111/dmcn.12246
Mónica Calha, Fisioterapeuta SH2Me Medicina Integrativa
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